O populismo e os atos de fala

Autores

  • Albérico Araújo Sial Neto UFPE
  • Emílio de Britto Negreiros Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.53660/CONJ-1521-2B65

Palavras-chave:

Atos de Fala, Democracia Radical, Líder, Populismo, Povo

Resumo

Este artigo analisará a construção da categoria de povo, assim como, por consequência, a categoria de outro, que são próprias do populismo, por meio da noção de atos de fala. Para tanto, serão utilizadas as elaborações teoréticas da Democracia Radical. Essa corrente teórica, além de um forte diálogo com as mais variadas teorias da linguagem, postula que é característico do político a existência da divisão simbólica, que se constitui discursivamente, entre “nós” e “eles” e que, por sua vez, o populismo se assenta como uma radicalização dessa dinâmica estabelecendo a divisão entre povo e o outro. Tal radicalização é complexa, e perpassa a relação entre líder e massa liderada. Assim, se no populismo as categorias “nós” e “eles” se radicalizam nas categorias povo e outro, é cabível investigar qual o componente possibilita essa radicalização. Ademais, se essa radicalização atravessa a figura do líder, então é possível supor que a figura do líder tem alguma relação com essa radicalização. Nesse sentido, a hipótese central é que, tanto a radicalização supracitada, quanto a relação do líder para com essa radicalização, estão associadas aos atos de fala.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Albérico Araújo Sial Neto, UFPE

Possui Especialização em Ciência Política e é Mestrando em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco.

Emílio de Britto Negreiros, Universidade Federal de Pernambuco

Emilio de Britto Negreiros é professor de sociologia do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco. 

Referências

AUSTIN, John. Quando Dizer é Fazer: palavras e ação. Rio Grande do Sul: Editora Artes Médicas Sul, 1990.

BUTLER, Judith. Afterword. In: Felman, Shoshana. The scandal of the speaking body: Don Juan with J. L. Austin, or seduction in two languages. Stanford: Stanford University Press, 2003, p.113-123.

BUTLER, Judith. Corpos em Aliança e a Política das Ruas. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.

BUTLER, Judith. Discurso de Ódio: uma política do performativo. São Paulo: Editora Unesp, 2021.

DERRIDA, Jacques. Limited Inc. São Paulo: Papirus, 1991.

de OLIVEIRA, Manfredo Araújo. Reviravolta Linguístico-Pragmática na Filosofia Contemporânea. 3 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2006.

FILHO, Danilo Marcondes de Souza. A Filosofia da Linguagem de J. L. Austin. In: AUSTIN, Jonh. Quando Dizer é Fazer: palavras e ação. Rio Grande do Sul: Editora Artes Médicas Sul, 1990, p. 7-16.

FINCHELSTEIN, Federico. Do Fascismo ao Populismo na História. Lisboa: Edições 70, 2019.

LACLAU, E., MOUFFE, C., Hegemonía y Estrategia Socialista: hacia una radicalización de la democracia. Madri: Letra E, 1987.

LACLAU, Ernesto. A Razão Populista. São Paulo: Três Estrelas, 2013.

MENDONÇA, Daniel de. Democracia sem Democratas: uma análise da crise política no governo João Goulart (1961-1964). 2006. Tese (Doutorado em Ciência Política) – Programa de Pós-Graduação strictu sensu em Ciência Política da UFRGS, Porto Alegre, 2006.

NASCIMENTO, Kamila Lima. O Populismo na Perspectiva de Ernesto Laclau: uma Alternativa para à Esquerda? Revista Estudos Políticos, Rio de Janeiro, v. 9, n.1, p. 32-50, 2018.

NASCIMENTO, Kamila Lima. Todos Contra o Povo: limites da teoria de Ernesto Laclau. Simbiótica, Vitória, v. 6, n.2, p. 96-116, 2019.

PRADO, M. A. M., MARQUES, A. C. S. O Povo Como Categoria Política no Pensamento de Jacques Rancière e Ernesto Laclau. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 26, n.1, p. 28-50, 2021.

STEGMÜLLER, Wolfgang. A Filosofia Contemporânea. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

Downloads

Publicado

2022-08-25

Como Citar

Neto, A. A. S., & Negreiros, E. de B. (2022). O populismo e os atos de fala. Conjecturas, 22(12), 430–443. https://doi.org/10.53660/CONJ-1521-2B65

Edição

Seção

Artigos