Conhecimento etnobotânico de plantas medicinais utilizadas por agentes populares de cura em Guatambu, Santa Catarina, Brasil

Autores

  • Walter Roman Junior Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó
  • Camila Mabel Sganzerla
  • Jaqueline Veloso
  • Ana Predebon
  • Fabiane Schönell Roman
  • Luzia Margaret Corá
  • Maristela Soligo
  • Cristiane Honorato Fonseca

DOI:

https://doi.org/10.53660/CONJ-S09-1159

Palavras-chave:

Benzedores, Medicina popular, Plantas medicinais, Resgate cultural

Resumo

Este estudo objetivou realizar um levantamento etnobotânico de plantas medicinais utilizadas por agentes populares de cura (benzedores), no município de Guatambu (SC). A investigação foi realizada no perímetro urbano e rural, e foi desenvolvida utilizando a técnica de snowball sampling (bola de neve). A pesquisa revelou um quantitativo de 139 espécies de plantas, agrupadas em 57 famílias botânicas, com 298 indicações terapêuticas. A parte da planta de maior uso foi a folha (51%) e a planta com maior índice de concordância comum entre os agentes foi a raiz de Petroselinum crispum (Mill.) Fuss., (salsa), com 12 indicações (CUP de 75%). Na categorização farmacológica, as doenças imunológicas ganharam destaque (62 indicações de plantas), sendo acompanhadas pelo combate ao “amarelão” (43 plantas com FCE 0,69). Este estudo contribui para prospecção de produtos naturais, para a valorização da cultura imaterial e do saber popular, assim como, na compreensão da relação dos indivíduos com a biodiversidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALBUQUERQUE, U. P.; SILVA, J.S.; CAMPOS, J.L.A.; SOUZA, R.S.; SILVA, T.C.; ALVES, R.R.N. The current status of ethnobiological research in Latin America: Gaps and perspectives. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, v. 9, n. 1, 2013.

ALBUQUERQUE, U. P. DE.; HANAZAKI, N. As pesquisas etnodirigidas na descoberta de novos fármacos de interesse médico e farmacêutico: fragilidades e pespectivas. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 16, p. 678–689, 2006.

AMOROZO, M. C. M.; GÉLY, A. Uso de plantas medicinais por caboclos do Baixo Amazonas. Barcarena, PA, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, 1988.

BRANDÃO, M. G. L.; BRANDÃO, M.G.L.; COSENZA, G.P.; GRAEL, C.F.F.; NETTO, N.L.; MONTE-MÓR, R. L. M. Traditional uses of American plant species from the 1st edition of Brazilian Official Pharmacopoeia. Brazilian Journal of Pharmacognosy, v. 19, n. 2 A, p. 478–487, 2009.

CHAGAS, M. C. C.; ANDRADE, M. G.; DA COSTA, R. B.; PERRELLI, M. A. S. A prática de benzimento com uso de plantas na comunidade rural remanescente de quilombo de Furnas do Dionísio , Jaraguari , Mato Grosso do Sul. Multitemas, Campo Grande-MS, n. 35, p. 207-224, 2007.

COSTA, P. Estudo etnobotânico e farmacognóstico de plantas antimaláricas de uso popular na comunidade céu do Mapiá, Pauini- AM. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - Universidade Federal do Amazonas. Manaus, 2013.

CHRISTO, A. G.; GUEDES-BRUNI, R. R.; FONSECA-KRUEL, V. S. DA. Uso de recursos vegetais em comunidades rurais limítrofes à Reserva Biológica de Poço das Antas, Silva Jardim, Rio de Janeiro: estudo de caso na Gleba Aldeia Velha. Rodriguésia, v. 57, n. 3, p. 519–542, 2006.

FLORA DO BRASIL. 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: < http://floradobrasil.jbrj.gov.br/ >.

FITZGERALD, M.; HEINRICH, M.; BOOKER, A. Medicinal Plant Analysis: A Historical and Regional Discussion of Emergent Complex Techniques. Frontiers in Pharmacology, 10. doi:10.3389/fphar.2019.01480. 2020

HEINRICH, M.; ANKLI, A.; FREI, B.; WEIMANN, C.; STICHER, O.; Medicinal plants in Mexico: Healers’ consensus and cultural importance. Social Science and Medicine, v. 47, n. 11, p. 1859–1871, 1998.

GAZZANEO, L. R. S.; PAIVA DE LUCENA, R. F.; DE ALBUQUERQUE, U. P. Knowledge and use of medicinal plants by local specialists in an region of Atlantic Forest in the state of Pernambuco (Northeastern Brazil). Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, v. 1, p. 1–8, 2005.

GEWEHR, R. B.; BAÊTA, J.; GOMES, E.; TAVARES, R. Sobre as práticas tradicionais de cura: subjetividade e objetivação nas propostas terapêuticas contemporâneas. Psicologia USP, v. 28, n. 1, p. 33–43, 2017.

HOFFMANN-HOROCHOVSKI, M. T. Benzeduras, garrafadas e costuras: considerações sobre a prática da benzeção. Guaju, v. 1, n. 2, p. 110-126, 2015.

HOFFMANN-HOROCHOVSKI, M. T.; ESTEVES, N. DOS S. Práticas tradicionais de cura na comunidade rural rio verde em guaraqueçaba (PR). Divers@ Revista Eletrônica Interdisciplinar, Matinhos, v. 10, n. 2, p. 69-78, 2017.

ICMBIO, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Plano de manejo da Floresta Nacional de Chapecó. Brasília: Socioambiental Consultores Associados, 2013.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2021). IBGE cidades. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/guatambu>. Acesso em: 2 outubro 2021.

LIMA, J. R. S. Etnobotânica No Cerrado: Um Estudo No Assentamento Santa Rita, Jataí (Go). Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade Federal de Goiás, campus de Jataí, 2013.

LIMA FILHO, J.A.; MARINHO, M.G.V. Levantamento da diversidade e uso das plantas medicinais utilizadas por moradores do município de Puxinanã, PB, Brasil. Levantamento da diversidade e uso das plantas medicinais utilizadas por moradores do município de Puxinanã, PB, Brasil, v. 8, n. 2, p. 229–249, 2014.

MARIN, R. C.; SCORSOLINI-COMIN, F. Desfazendo o “Mau-olhado”: Magia, Saúde e Desenvolvimento no Ofício das Benzedeiras. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 37, n. 2, p. 446–460, 2017.

MEYER, L.; QUADROS, K. E. DE Q.; ZENI, A. L. B. Etnobotânica na comunidade de Santa Bárbara ,. R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 10, n. 3, p. 258–266, 2012.

MYERS, N.; MITTERMEIER, R. A.; MITTERMEIER, C. G.; FONSECA, G. A. B.; KENT, J. Potency and Efficacy of a Low Pathogenic H5N2 Inactivated Vaccine Against. Nature, v. 403, n. February, p. 853–858, 2000.

PRADO, A. Estudo etnobotânico com vistas à sustentabilidade local do distrito de São. Dissertaçâo (mestrado em ecologia) - Universidade Federal de Ouro Preto, 2014.

QUEIROZ, M.; CARRASCO, M. A. P. (1995). O Doente de Hanseníase em Campinas: Uma Perspectiva. People with Leprosy in Campinas, Brazil : An Anthropological Perspective. v. 11, n. 3, p. 479–490.

RIBEIRO, D. A.; MACÊDO, D. G.; OLIVEIRA, L. G. S.; SARAIVA, M. E.; OLIVEIRA, S. F.; SOUZA, M. M. A.; MENEZES, I. R. A. Potencial terapêutico e uso de plantas medicinais em uma área de Caatinga no estado do Ceará, nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 16, n. 4, p. 912–930, 2014.

ROQUE, A.; ROCHA, R.; LOIOLA, M. I. Uso e diversidade de plantas medicinais da Caatinga na comunidade rural de Laginhas, município de Caicó, Rio Grande do Norte (Nordeste do Brasil). Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 12, n. 1, p. 31–42, 2010.

SANTOS, L. C. Antônio Moniz de Souza, o “Homem da natureza Brasileira”: Ciência e plantas medicinais no início do século XIX. Historia, Ciencias, Saude - Manguinhos, v. 15, n. 4, p. 1025–1038, 2008.

SGANZERLA, C. M.; PREDEBON A. J.; VELOSO J.; SOMENSI, L. B.; LUTINSKI, J. A.; ROMAN JUNIOR, W. A. Aspectos socioeconômicos e culturais de benzedores que utilizam plantas medicinais em suas práticas populares de cura, no município de Guatambu, Santa Catarina. Research, Society and Development, v. 10, n. 13, 2021.

SGANZERLA, C. M.; PREDEBON A. J.; VELOSO J.; CORRALO V. S.; ROMAN JUNIOR, W. A. Revisão integrativa aplicada a levantamentos etnobotânicos de plantas medicinais no Brasil. Acta Ambiental Catarinense, v. 19, n. 1, 2022.

TELESI JÚNIOR, E. Práticas integrativas e complementares em saúde, uma nova eficácia para o SUS. Estudos Avancados, v. 30, n. 86, p. 99–112, 2016.

WHO. Traditional, Complementary and Integrative Medicine. Disponível em: <https://www.who.int/health-topics/traditional-complementary-and-integrative-medicine#tab=tab_1>. Acesso em: 5 maio. 2020.

Downloads

Publicado

2022-07-02

Como Citar

Roman Junior, W., Sganzerla, C. M., Veloso, J., Predebon, A., Roman, F. S. ., Corá, L. M., Soligo, M., & Fonseca, C. H. (2022). Conhecimento etnobotânico de plantas medicinais utilizadas por agentes populares de cura em Guatambu, Santa Catarina, Brasil. Conjecturas, 22(7), 102–123. https://doi.org/10.53660/CONJ-S09-1159