Os agrotóxicos na atmosfera e sua ausência nas políticas públicas de qualidade do ar

Autores

  • Edson Henrique Gaspar Massi Universidade Estadual de Londrina
  • Victor Pontes Piracelli Universidade Estadual de Londrina
  • Pimpernelli Jonco dos Santos Universidade Federal de Santa Maria
  • Luana Floriano Universidade Federal de Santa Maria
  • Renato Zanella Universidade Federal de Santa Maria
  • Maria Cristina Solci Universidade Estadual de Londrina

DOI:

https://doi.org/10.53660/CONJ-1919-2Q13

Palavras-chave:

Agrotóxicos, Ar, Políticas públicas, Saúde ambiental, Saúde humana

Resumo

A determinação de agrotóxicos no ar é um tema transversal e para que sejam subsidiadas políticas públicas ambientais e de saúde é necessário o fomento de estudos das áreas técnico-científicas contribuindo para o fortalecimento dos sistemas normativos. Assim, o presente artigo apresenta a determinação de agrotóxicos presentes no material particulado fino atmosférico coletados em área urbana de Ibiporã, norte do Estado do Paraná. Utilizando a cromatografia gasosa e líquida acopladas à espectrometria de massas em série foram confirmadas a presença de permetrina, picoxistrobina, atrazina, azametifós, benfuracarbe, cresoxim-metílico, clomazone, clorantraniliprole, dicrotofós, dimoxistrobina, espinosade D, etiofencarbe, fenamidona e fenpiroximato-(E). As concentrações médias totais dos agrotóxicos somaram 1,1 e 0,7 ng m-3 para setembro e novembro, respectivamente. Os resultados, em conjunto com outros estudos, poderão subsidiar políticas públicas de qualidade do ar englobando os agrotóxicos, objetivando a proteção da saúde ambiental e humana.

Palavras-chave: Agrotóxicos; Ar; Políticas públicas; Saúde ambiental; Saúde humana.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALMEIDA, M. D.; CAVENDISH, T. A.; BUENO, P. C.; ERVILHA, I. C.; GREGÓRIO, L. S.; KANASHIRO, N. B O.; ROHLFS, D. B.; CARMO, T. F. M. A flexibilização da legislação brasileira de agrotóxicos e os riscos à saúde humana: análise do Projeto de Lei nº 3.200/2015. Cad Saude Publica, Rio de Janeiro, v. 33, n. 7, p.1-11, 2017.

ANDRADE, S. J.; ANJOS, J.P.; GUARIEIRO, L.L.N.; LOPES, W. A.; CARVALHO, L. S.; SOUSA, L. T.; SILVA, R. L.; REGIS, A. C. D.; SILVA, J. D. S.; CARDOSO, M. P.; ROCHA, G. O.; ANDRADE, J. B. Concentração de material particulado atmosférico (MP10 e MP2,5) em duas regiões distintas da Bahia: uma estação de ônibus e uma ilha, In: 34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, Anais[...] Florianópolis: Sociedade Brasileira de Química, mai. 2011. Trabalho AMB080.

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). 2020. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/agrotoxicos/programa-de-analise-de-residuos-em-alimentos. Acesso em: 24 nov. 2021.

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria GM/MS Nº 888, de 4 de Maio de 2021. Altera o Anexo XX da Portaria de Consolidação GM/MS nº 5, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Diário Oficial da União 2021; 07 mai.

BRASIL. Lei n° 6938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, D.F, 2 set. 1981.

BRASIL. Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989. Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, D.F, 12 jul. 1989.

BRASIL. Decreto nº 4074, de 4 de janeiro de 2002. Regulamenta a Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, D.F, 08 jan. 2002.

BOMBARDI, L. M. Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia. 1 ed. São Paulo: FFLCH-USP; 2017. 296p.

BRITO, G. F. S.; SODRÉ, F. F.; ALMEIDA, F. V. O Impacto do Material Particulado na Qualidade do Ar. RVq, São Paulo, v.10, n.5, p.1-20, 2018.

BUENO, A.F; PANIZZI, A.R; CORRÊA-FERREIRA, B.S; HOFFMANN, C.B; SOSA-GÓMEZ, D.R; GAZZONI, D.L; HIROSE, E; MOSCARDI, F; CORSO, I.C; OLIVEIRA, L.J; ROGGIA, S. Histórico e evolução do manejo integrado de pragas da soja no Brasil, In. HOFFMANN-CAMPO; CORRÊA-FERREIRA; MOSCARDI. (Eds.). Soja: Manejo Integrado de Insetos e outros Artrópodes-Praga. Brasília: Embrapa, 2012. cap. 1, p. 37-74.

CANEVAROLI, M. R.; LEMOS, E. G. M.; OLIVEIRA, K. M. P.; ISIQUE, W. D.; SÚAREZ, Y. R.; MINILLO, A. Removal of atrazine herbicide through granular activated carbon filters associated with microorganisms in drinking water treatment. Eng Sanit e Ambient [online], Rio de Janeiro, v. 26, n. 2, p. 263-272, 2021.

CASTRO, A. H.; GOUVEIA, N.; CEJUDO, E.A.J. Questões metodológicas para a investigação dos efeitos da poluição do ar na saúde. Rev Bras Epidemiol, Rio de Janeiro, v.6, n.2, 2003.

CETESB. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Qualidade do ar. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/ar/poluentes/. Acesso em: 03 abr. 2020.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial da União: nº 053, de 18 mar. 2005, p. 58-63.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 491, de 19 de novembro de 2018. Dispõe sobre os padrões de qualidade do ar. Diário Oficial da União: nº 223, de 21 nov. 2018, Seção 01, p. 155-156.

COMISSÃO EUROPEIA. Estratégia da exploração agrícola para o garfo. 2020. Disponível em: https://ec-europa-eu.translate.goog/food/horizontal-topics/farm-fork-strategy_en?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-BR&_x_tr_pto=nui,sc. Acesso em: 20 dez. 2021.

DANNI-OLIVEIRA, I. M. Poluição do ar como causa de morbidade e mortalidade da população urbana, R. RA’E GA, Curitiba, n. 15, p. 113-126, 2008.

DUTRA, L. S.; FERREIRA, A. P. Associação entre malformações congênitas e a utilização de agrotóxicos em monoculturas no Paraná, Brasil. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 41, p. 241-253, 2017.

ESTELLANO, V. H.; EFSTATHIOU, C.; POZO, K.; CORSOLINI, S.; FOCARDI, S. Assessing levels and seasonal variations of current-use pesticides (CUPs) in the Tuscan atmosphere, Italy, using polyurethane foam disks (PUF) passive air samplers. Environ Pollut. v.205: p. 52–59, 2015.

EVANGELOU, E.; NTRITSOS, G.; CHONDROGIORGI, M.; KAVVOURA, F. K.; HERNÁNDEZ, A. F.; NTZANI, E. E.; TZOULAKI, I.; Exposure to pesticides and diabetes: a systematic review and metaanalysis. Environ Int, v. 91, p. 60-68, May. 2016.

FREITAS, A. M.; SOLCI, M. C. Caracterização do MP10 e MP2,5 e distribuição por tamanho de cloreto, nitrato e sulfato em atmosfera urbana e rural de Londrina.Quim. Nova, São Paulo, v. 32, n. 7, p. 1750-1754, 2009.

GOUVEIA, N.; FREITAS, C.U.; MARTINS, L.C.; MARCILIO, I. O. Hospitalizações por causas respiratórias e cardiovasculares associadas à contaminação atmosférica no Município de São Paulo, Brasil, Cad Saude Publica, São Paulo, v. 22, n. 12, p. 2669-2677, dez. 2006.

HENSCHEL, S.; ATKINSON, A.; ZEKA A.; TERTRE A.; ANALITIS, A.; KATSOUYANNI, K.; CHANEL, O.; PASCAL, M.; FORSBERG, B.; MEDINA, S.; GOODMAN, P.G. Air pollution interventions and their impact on public health. Int J of Public Health, Genebra, v. 57, n.5, p.757-768, 2012.

IPEA. Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicas. Agrotóxicos no Brasil: padrões de uso, política da regulação e prevenção da captura regulatória. Brasília: Rio de Janeiro: Ipea, 2019. 84p.

KREUGER, J.; LINDSTRÖM, B. Long-term monitoring of pesticides in air and atmospheric deposition in Sweden. IUPAC; Ghent, Bélgica, 20 de maio de 2019. Universidade Sueca de Ciências Agrícolas (SLU), Uppsala, Suécia, 2019.

KRUSE-PLAß, M.; HOFMANN, F.; WOSNIOK, W.; SCHLECHTRIEMEN, U.; KOHLSCHÜTTER, N. Pesticides and pesticide-related products in ambient air in Germany. Environ Sci Eur, Alemanha, v.33, p. 114, 2021.

LARSEN, A. E.; GAINES, S. D.; DESCHÊNES, O. Agricultural pesticide use and adverse birth outcomes in the San Joaquin Valley of California. Nat commun, Nova York, v. 8, n. 1, p. 302, 29 ago. 2017.

LEFF, E. Epistemologia ambiental. 1. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2001. 240p.

LI, Z.; JENNINGS, A. Worldwide Regulations of Standard Values of Pesticides for Human Health Risk Control: A Review. Int J Environ Res Public Health, v.14, n.7, p. 836, 2017.

MAAS, L.; MALVESTITI, R.; GONTIJO, L. A. O reflexo da ausência de políticas de incentivo à agricultura urbana orgânica: um estudo de caso em duas cidades no Brasil. Cad Saude Publica, São Paulo, v.36, n.8, 2020.

MARLIERE F.; LETINOIS L.; SALOMON M. Résultats de la Campagne Nationale Exploratoire de mesure des résidus de Pesticides dans l'air ambiant (2018–2019) Ineris: Laboratoire Central de Surveillance de la Qualité de l'Air, 2020.

MILNER, A. M.; BOYD, I.L. Toward pesticidovigilance. Science, Washington, v. 357, n. 6357, p. 1232-1234, 2017.

MIRANDA, E. E. de. Meio ambiente: a salvação pela lavoura. Cien Cult, São Paulo, v.69, n.4, p.38-44, out, 2017.

MPPR. MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ - MPPR. PA/MPPR -Procedimento Administrativo nº MPPR– 0062.16.000.191-3, 2018.

RIGOTTO, R.M.; VASCONCELOS, D.P.; ROCHA, M.M. Uso de agrotóxicos no Brasil e problemas para a saúde pública. Cad Saude Publica, Rio de Janeiro, v.30, n.7, p.1-3, jul. 2014.

ROBERTS, S. Have the short-term mortality effects of particulate matter air pollution changed in Australia over the period 1993-2007? Environ Pollut, v.182, p. 9-14, 2013.

SANTOS, L. G. DOS.; LOURENCETTI, C.; PINTO, A. A.; PIGNATI, W. A.; DORES, E. F. G. C. Validation and application of an analytical method for determining pesticides in the gas phase of ambient air. J Environ Sci Health, Londres, v.46, n.2, p.150-162, 2011.

SANTIAGO, A.; PRADO, R. J.; FILHO MODESTO, P.; ALONSO, R. V. Caracterização do material particulado suspenso no ar de Cuiabá-MT no período de queimadas. Matéria, Rio de Janeiro, v.20, n. 1, p. 273-283, mar. 2015.

SOARES, W. L.; PORTO, M. F. S. Uso de agrotóxicos e impactos econômicos sobre a saúde. Rev Saude Publica, São Paulo, v. 46, n. 2, p. 209-217, 2012.

SOCORRO, J.; DURAND, A.; TEMIME-ROUSSEL, B.; GLIGOROVSKI, S.; WORTHAM, H.; QUIVET, E. The persistence of pesticides in atmospheric particulate phase: An emerging air quality issue. Sci, Cambridge, v. 6, p.1-7, 2016.

SOUZA, G. S.; COSTA, L. C. A.; MACIEL, A. C.; REIS, F. D. V.; PAMPLONA, Y. A. P. Presença de agrotóxicos na atmosfera e risco à saúde humana: uma discussão para a Vigilância em Saúde Ambiental. Cien Saude Colet., Rio de Janeiro, v.22, n.10, p. 3269-3280, 2017.

TRIGUEIRO, A. Cidades e Soluções: como construir uma sociedade sustentável. 1. ed. Rio de Janeiro (RJ): LeYa; 2017. 331p.

YERA, A. M. B.; NASCIMENTO, M. M.; ROCHA, G. O.; ANDRADE, J. B.; VASCONCELLOS,P. C. Occurrence of Pesticides Associated to Atmospheric Aerosols: Hazard and Cancer Risk Assessments. J Braz Chem Soc. São Paulo, v. 31, n. 6, p. 1317-1326, 2020.

Downloads

Publicado

2022-11-10

Como Citar

Massi, E. H. G. ., Piracelli, V. P. ., Santos, P. J. dos ., Floriano, L. ., Zanella, R. ., & Solci, M. C. . (2022). Os agrotóxicos na atmosfera e sua ausência nas políticas públicas de qualidade do ar. Conjecturas, 22(15), 614–632. https://doi.org/10.53660/CONJ-1919-2Q13

Edição

Seção

Artigos