Estudos raciais na educação escolar com enfoque na branquitude brasileira: das margens para o centro
DOI:
https://doi.org/10.53660/CONJ-200-601Palavras-chave:
Teoria do Branqueamento;, Branquitude;, Interculturalidade;, Educação Escolar.Resumo
O objetivo deste artigo é contribuir com os estudos raciais ao problematizar a discussão sobre a branquitude brasileira, deslocando o olhar das margens para o centro (do oprimido para o opressor, da negritude para a branquitude) com base na interculturalidade crítica. A partir da pesquisa bibliográfica, discutiremos a teoria do branqueamento como um dos processos históricos que determinaram socioculturalmente as relações raciais no país; a branquitude brasileira como possibilidade de foco dos estudos raciais; e, por fim, a interculturalidade como estratégia e meta para abordar a temática da branquitude em sala de aula, dialogando com autores como Cardoso (2010); Walsh (2009); Freire (1967) e outros. Os estudos sobre a branquitude são relativamente recentes no país e têm o objetivo de preencher lacunas deixadas nos estudos raciais brasileiros, desconstruindo o “padrão branco” e suas consequências desumanizantes. Com base neste estudo, compreendemos que discutir na escola a branquitude brasileira e seus efeitos pode contribuir para enriquecer o debate racial, além de questionar e desconstruir a história branca, masculina, eurocêntrica e dominadora que fundou o Brasil e resultou nas desigualdades contra as quais lutamos.
Downloads
Referências
BIKO, S. Escrevo o que eu quero. Série Temas, vol. 21. Sociedade e Política. Trad. Grupo Solidário São Domingos. São Paulo: Ática, 1990 [1978].
CANDAU, V. M. Sociedade, Cotidiano Escolar e Cultura(s): uma aproximação. Educação & Sociedade, ano XXIII, n°79, agosto, 2002, p. 125-161.
CANDAU, V. M. Reinventar a escola. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
CANDAU, V. M.; MOREIRA, A. F. (orgs). Multiculturalismo: Diferenças Culturais e Práticas Pedagógicas. 2 ed. Rio de Janeiro: Petrópolis. Vozes, 2008.
CARDOSO, L. Branquitude acrítica e crítica: a supremacia racial e o branco anti-racista. Revista Latinoamericana de Ciencias Socialez, Niñes y Juventud. Vol. 8. n. 1, p. 607-630, jan-jun, 2010.
CARDOSO, L. Retrato do branco racista e anti-racista. Reflexão e Ação, v. 18, n. 1, p. 46-76, jan-jun 2010b. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/228690860_RETRATO_DO_BRANCO_RACISTA_E_ANTI-RACISTA. Acesso em 06 de fev. de 2021.
CARVALHO, J. J.; SEGATO, R. L. Uma proposta de cotas e ouvidoria para a Universidade de Brasília. Brasília, 2001. [Manuscrito].
DYER, R. White. London and New York: Routledge, 1988.
FANON, F. Pele Negra. Máscaras Brancas. Tradução de Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2009.
FARIAS, K. S. C. dos Santos. Práticas mobilizadoras de cultura aritmética na formação de professores da Escola Normal da Província do Rio de Janeiro (1868–1889): ouvindo fantasmas imperiais. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Educação – Campinas, SP, 2014.
FREIRE, P. Educação como Prática de Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.
GIMENO SACRISTÁN, J. Políticas de lá diversidade para uma educación democrática igualadora. In: SIPÃN COMPAÑE, A. (coord.). Educar para la diversidade em el siglo XXI. Zaragoza (Espanha): Mira, 2001.
JESUS, C. M. d. Branquitude x Branquidade: uma análise conceitual do ser branco. In: III Encontro Baiano de Estudos em Cultura. Cachoeira/Ba, 2012.
KILOMBA, G. (2016). “Descolonizando o conhecimento” Uma Palestra-Performance de Grada Kilomba. Tradução, Oliveira, J. São Paulo, Goethe-Institut.
LACERDA, J. B. de. Sur le métis au Brésil. In: Premier Congrès Universel des Races: 26-29 juillet 1911. Paris: Devouge, 1911.
LIRA, R. Resenha: Ware, Vron (org.). Branquidade: identidade branca e multiculturalismo. Rio de Janeiro: Garamond, 2004. In: Ilha do Desterro: A Journal of English Language, Literatures in English and Cultural Studies, núm. 48, enero-junio, 2005, pp. 234-238. Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis, Brasil. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/4783/478348686011.pdf. Acessado em 5 de out. 2021.
MAIA, K. S.; ZAMORA, M. H. N.. O Brasil e a lógica racial: do branqueamento à produção de subjetividade do racismo. Psicol. clin., Rio de Janeiro , v. 30, n. 2, p. 265-286, 2018 . Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652018000200005&lng=pt&nrm=iso. Acessada em 15 jan. 2021. http://dx.doi.org/10.33208/PC1980-5438v0030n02A04.
MALDONADO-TORRES, N. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramon (orgs.). El giro decolonial: Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Universidad Javeriana-Instituto Pensar, Universidad Central-IESCO, Siglo del Hombre Editores, 2007. p. 127-167.
MUSTAPHA, C. O islã e o Ocidente: um encontro com Jacques Derrida. Tradução Roberto Said. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.
WALSH, C. Interculturalidade Crítica e Pedagogia Decolonial: In-Surgir, ReExistir e Re-Viver. Equador, 2009.
SCHUCMAN, L. V. Entre o “encardido”, o “branco” e o “branquíssimo”: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade de São Paulo – Instituto de Psicologia – São Paulo, SP, 2012.
SCHWARCZ, L. M. Previsões são sempre traiçoeiras: João Baptista de Lacerda e seu Brasil branco. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.18, n.1, jan.-mar. 2011, p.225-242.
SOUZA, V. S. de; SANTOS, R. V. O Congresso Universal de Raças, Londres, 1911: contextos, temas e debates. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 7, n. 3, p. 745-760, set.-dez. 2012.
SPILLER, G. (Org.). Papers on inter-racial problems communicated to the First Universal Races Congress. Londres: P. S. King & Son; Boston: The World’s Peace Foundation, 1911.
WALSH, C. La educación intercultural em la educación. Peru: Ministerio de Educación, 2001.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Conjecturas
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.