Cibercriminalidade: um novo desafio para o sistema global de proteção aos direitos humanos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.53660/CONJ-952-L10

Palavras-chave:

Ciberviolência, Cibercriminalidade, Direitos humanos, Tipologia de cibercrimes, Legislação de cibercrime

Resumo

Este trabalho apresenta a cibercriminalidade como uma violação aos direitos humanos, discutindo as dificuldades para o engajamento das nações em seu combate efetivo. Como metodologia, foi conceituada a cibercriminalidade e sua relação com os direitos humanos, e realizada uma tipologia de cibercrimes, buscando analisar cada tipo de conduta com normativas internacionais e a legislação internacional brasileira. Como resultado, verificou-se que o sistema global de proteção aos direitos humanos das Nações Unidas é eficaz na proteção normativa contra violações físicas (genocídio, tortura, xenofobia, escravidão etc.). A comunidade internacional, por outro lado, avança em normatização e tratativas para enfrentamento aos delitos transnacionais mais conhecidos. No entanto, quanto aos cibercrimes, há uma “desorganização” das nações frente ao dano já causado às economias e aos indivíduos de todo o globo por essas ações criminosas. Por meio do levantamento bibliográfico e da relação da tipologia dos crimes com as normativas, fica evidenciada a falta de leis mais específicas e a necessidade de melhor convergência de políticas e esforços de toda a comunidade internacional para enfrentamento dessa espécie delitiva.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Julio Cesar de Souza Ferreira, Universidade Federal de Rondônia

Delegado de Polícia Civil do Estado de Rondônia desde 2011. Experiência preponderante em investigação de Organizações Criminosas, Cibercrimes, Crimes Ambientais, Lavagem de Capitais, Tráfico de Drogas. Possui graduação em DIREITO pelo Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná (2011). Mestre em Direitos Humanos e Desenvolvimento da Justiça pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Foi servidor do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia (2008-2011) e do Departamento Estadual de Trânsito de Rondônia (2007-2008). Professor de Cursos Preparatórios para concursos. Instrutor da Academia de Polícia Civil do Estado de Rondônia.

Carolina Yukari Veludo Watanabe, Universidade Federal de Rondônia

Cursou Bacharelado em Matemática Aplicada e Computação Cientifica (2006), Licenciatura em Matemática (2007), Mestrado (2007) e Doutorado (2013) em Ciência da Computação e Matemática Computacional pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professora Associado I no Departamento de Ciências da Computação da Universidade Federal de Rondônia. Na área de Computação, atua na área de visão computacional, processamento de imagens digitais e aprendizado de máquina. Na área de Ciências Sociais Aplicadas e Interdisciplinar, realiza estudos sobre impactos do uso de TICs nas relações de negócios, sociais, econômicas e nos processos de tomada de decisão. Atualmente ministra aulas nos cursos de Ciência da Computação, Programa de Pós-Graduação Mestrado em Administração - PPGA/UNIR, e no Mestrado de Direitos Humanos e Acesso à Justiça - DHJUS/UNIR.

Referências

ALEXY, Robert. Derecho, moral y la existencia de los derechos humanos. Signos Filosóficos, v. 15, n. 30, p. 153-171, 2013.

ALEXY, Robert. Trad. Virgílio Afonso da Silva. Teoria dos Direitos Fundamentais. 5ªed. São Paulo: Editora Malheiros, 2015.

ARAÚJO AC, LUNARDI VL, SILVEIRA RS, THOFEHRN MB, PORTO AR. Relacionamentos e interações no adolescer saudável. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 31, n. 1, p. 136-42, 2010.

ARENQUE, Susan C. Violência Cibernética: Reconhecendo e Resistindo ao Abuso em Ambientes Online. Mulheres Asiáticas, v. 14 (Verão), p. 187-212, 2002.

ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo (trad. Roberto Raposo). São Paulo: Cia. das Letras, 1997.

BARRETO, Alessandro Gonçalves; BRASIL, Beatriz Silveira. Manual de Investigação Cibernética à Luz do Marco Civil da Internet. Rio de Janeiro: Brasport. 2016.

BRAR, Harmandeep Singh; KUMAR, Gulshan. Cybercrimes: A Proposed Taxonomy and Challenges. Journal of Computer Networks and Communications. v. 2018, p 1-11. DOI: https://doi.org/10.1155/2018/1798659.

BRASIL. Lei “Azeredo”. Lei nº. 12.735 de 30 de novembro de 2012. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12735.htm>. Acesso em 25 Set. de 2018.

_________. Lei “Carolina Dieckman”. Lei nº. 12.737 de 30 de novembro de 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm>. Acesso em 30 Set. de 2018.

_________. Marco Civil da Internet. Lei nº. 12.965 de 23 de abril de 2014. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm>. Acesso em 30 Set. de 2018.

BRASIL. Ministério Público Federal. Câmara de Coordenação e Revisão, 2. Roteiro de atuação: crimes cibernéticos. 2 ed. rev. - Brasília: MPF/2ªCCR, 2013.

CALDERON, Barbara. Deep e Dark Web: A internet que você conhece é apenas a ponta do iceberg. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017.

CAMPOS, Gabriel Silveira de Queirós. A importância dos sistemas regionais de proteção aos direitos humanos e a implementação das decisões de responsabilização internacional do estado: breve análise do caso brasileiro. In: VITORELLI, Edilson (Org.), Temas aprofundados do Ministério Público Federal. 2ed. Salvador: Juspodium, v. 1, p. 579-591, 2013.

CAMPOS, Gabriel Silveira de Queirós. O combate ao terrorismo no âmbito das nações unidas: o Sistema de sanções direcionadas a indivíduos, as garantias procedimentais do due process of law e os direitos humanos. In: VITORELLI, Edilson (Org.), Temas aprofundados do Ministério Público Federal. 2ed.Salvador: Juspodium, v. 1, p. 565-577, 2013.

CANONGIA, Claudia; MANDARINO, Raphael. Segurança cibernética: o desafio da nova Sociedade da Informação. Parceria. Estratégica, Brasília, v.14, n. 29, p. 21-46, 2009.

CANOTILHO, Jose Joaquim Gomes. Dogmática de Direitos Fundamentais e Direito privado. In: SARLET, Ingo Wolfgang (Org.), Constituição, Direitos Fundamentais e Direito Privado. 2ªed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006.

CONVENÇÃO DE BUDAPESTE. Convenção sobre o cibercrime. 2001. Disponível em < http://ccji.pgr.mpf.gov.br/documentos/docs_documentos/convencao_cibercrime.pdf >. Acesso em 27 mar. 2019.

DA SILVA CORRÊA, Angélica; RODRIGUES, Cristina Carla; DO AMARAL, Jordana Siteneski. O uso das novas tecnologias frente aos casos de crimes contra a honra: um olhar sobre casos de injúria racial cometidos na internet no Brasil. Direitos Humanos Contemporâneos, p. 23-48, 2018.

FERRAZ JÚNIOR, T. S. Sigilo de dados: o direito à privacidade e os limites à função fiscalizadora do Estado. Revista da Faculdade de Direito, v. 88, p. 439-459, 1993.

GORENSTEIN, Fabiana. HIDAKA, Leonardo Jun Ferreira. LIMA, BENVENUTO. Jr., Jayme. (org.). Manual de Direitos humanos Internacional acesso aos Sistemas global e Regional de Proteção dos Direitos Humanos. GajopMndh, 2016. Disponível em: <https://www.uniceub.br/media/181730/Texto4.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2018.

HINDUJA, Sameer; PATCHIN, Justin W. Bullying, Cyberbullying e Suicídio. Arquivos de Pesquisa Suicida, v.14, n. 3, p. 206-221, 2010.

JAPIASSÚ, Carlos Eduardo A. O direito penal internacional e os crimes internacionais. Revista Interdisciplinar de Direito, v. 9, n. 1, p. 69-90, 2012.

JESUS, Damásio de; MILAGRE, José Antonio. Manual de crimes informáticos. São Paulo: Saraiva, 2016.

KNIGHT, Peter T. A internet no Brasil. Bloomington: AuthorHouse, 2014.

MACHADO, Diego Pereira; DEL’OLMO, Florisbal de Souza. Direito da Integração, Direito Comunitário, Mertcosul e União Européia. Salvador: Juspodivm Editora, 2011.

MANDARINO JUNIOR, Raphael; CANONGIA, Cláudia. (Org.). Livro verde: segurança cibernética no Brasil. Brasília: GSIPR/SE/DSIC, 2010.

MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 7ªed. rev. São Paulo: Saraiva, 2012.

MOURA, Milene Rosa de Almeida; COSTA, Luzia Sigoli Fernandes; NAKAGAWA, Elisa Yumi. Diálogos entre Interação Humano-Computador e Ciência, Tecnologia e Sociedade. Informação & Informação, v. 23, n. 3, p. 565-585, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.5433/1981-8920.2018v23n3p565.

NATÁRIO, Rui Manuel Piteira. O Combate ao Cibercrime: Anarquia e Ordem no Ciberespaço. Revista Militar, n. 2541, p. 823-858. Portugal, 2013. Disponível em: <https://www.revistamilitar.pt/artigopdf/854>. Acesso em 26. Mar. 2019.

NORTON. Norton Cybersecurity Insights Report. Disponível em:< https://br.norton.com/norton-cybersecurity-insights-report-global?inid=hho_norton.com_cy bersecurityinsights_hero_seeglobalrpt>. Acesso em 16 jan. 2019.

NORTON. Relatório de Crimes Cibernéticos: O impacto humano. Disponível em:< http://www.symantec.com/content/en/us/home_homeoffice/media/pdf/cybercrime_report/Norton_Portuguese-Human%20Impact-A4_Aug18.pdf >. Acesso em 16 jan. 2019.

NUNES, Danilo Henrique; LEHFELD, Lucas Souza. Cidadania digital: direitos, deveres, lides cibernéticas e responsabilidade civil no ordenamento jurídico brasileiro. Revista de Estudos Jurídicos, UNESP, Franca, ano 22, n. 35, p. 437-454, 2018. Disponível em: < https://ojs.franca.unesp.br/index.php/estudosjuridicosunesp/article/viewFile/2542/2359>. Acesso em 27 mar. 2019.

PINHEIRO, Patricia Peck . Direito digital. 5. ed. rev.,atual. e ampl. de acordo com as Leis n. 12.735 e 12.737, de 2012 — São Paulo : Saraiva, 2013.

PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 14. ed., rev. e atual.– São Paulo : Saraiva, 2013.

PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. 4ª ed. Rev, amp. e at. Salvador: Justpodivm Editora, 2012.

RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

_________. Teoria geral dos direitos humanos na ordem internacional. 2ª ed. Editora Saraiva. São Paulo: 2011.

RAWLS, John. O direito dos povos ; seguido de A ideia de razão pública revista. Trad. Luís Carlos Borges. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

REZEK, Francisco. Direito Internacional Público, curso elementar. 13ª ed. Revista e atualizada. Saraiva: São Paulo, 2011.

SCHJOLBERG, Stein. The History of Global Harmonization on Cybercrime Legislation – The Road to Geneva. 2008. Disponível em: <http://www.cybercrimelaw.net/documents/cybercrime_history.pdf>. Acesso em: 18 setembro de 2018.

SHAW, Malcolm N. International Law. Sixth edition. Cambridge University Press The Edinburgh Building, Cambridge CB2 8RU, UK.2008.

SILVEIRA, Maria Ana Barroso de Moura. Da problemática da investigação criminal em ambiente digital: em especial, sobre a possibilidade de utilização de malware como meio oculto de obtenção de prova. Dissertação (Mestrado Forense). Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Direito - Escola de Lisboa, Lisboa, Portugal, 2017.

SCHATZ, Daniel; BASHROUSH, Rabih; WALL, Julie. Towards a more representative definition of cyber security. Journal of Digital Forensics, Security and Law, v. 12, n. 2, p. 8, 2017.

STALLINGS, William; BROWN, Lawrie. Segurança de computadores: princípios e práticas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

ULRICH, Fernando. Bitcoin: moeda na era virtual. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises, 2014.

VALENTE, Mariana Giorgetti; NERIS, Natália; RUIZ, Juliana Pacetta; BULGARELLI, Lucas. O Corpo é o Código: estratégias jurídicas de enfrentamento ao revenge porn no Brasil. InternetLab: São Paulo, 2016. Disponível em <http://www.internetlab.org.br/wp-content/uploads/2016/07/OCorpoOCodigo.pdf>. Acesso em 18 Fev. 2019.

WESTIN, Alan F. Privacy and freedom. Washington and Lee Law Review, v. 25, n. 1, p. 166, 1968.

Downloads

Publicado

2022-05-02

Como Citar

Ferreira, J. C. de S., & Watanabe, C. Y. V. (2022). Cibercriminalidade: um novo desafio para o sistema global de proteção aos direitos humanos . Conjecturas, 22(5), 284–307. https://doi.org/10.53660/CONJ-952-L10

Edição

Seção

Artigos